Da desilusão
A desilusão total pode ser redentora, mesmo apesar de alguma mágoa antiga que ainda possa agitar; de facto, é uma espécie de missa de trigésimo dia por alma de alguém que afinal, nunca existiu, a não ser na nossa imaginação criadora. E a partir daí nem a memória pode ficar.
Como eu quereria....como eu gostaria....e lanço sinais e faço e desfaço,como uma teia construída com fios de saudade e tristeza.Eles existem,estão lá,e vivem tranquilos ignorando os sinais.
Cansei-me,as pontas de meus dedos estão cansadas de lutar,de ser autêntica,de conseguir criar,deslumbrar.....só a vocês não.Quem diria que se pode matar os sentimentos que brotam no coração dos outros á nascença?
Resta-me ter uma enorme piedade por vós os indiferentes...como são tristes os indiferentes...com as suas enormes cabeças cheias de pequenas gavetas a abrir e a fechar constantemente,automáticamente.......
Deixem-me em paz,esta foi a última vez que vos tentei mostrar o belo,e com crueldade
as vossas gavetas,sempre a abrir e a fechar,trilharam-vos os sentimentos.
A desilusão é uma espécie de missa de trigésimo dia....depois o esquecimento ou pior
o nada.Não será a desilusão um tempo perdido?Vou pensar que sim.
YOLANDA
YOLANDA BOTELHO
EU,YOLANDA
Este "meu" Desassossego...
Tudo quanto fazemos, na arte ou na vida, é a cópia imperfeita do que pensámos em fazer. Desdiz não só da perfeição externa, senão da perfeição interna; falha não só à regra do que deveria ser, senão à regra do que julgávamos que poderia ser. Somos ocos não só por dentro, senão também por fora, párias da antecipação e da promessa |
Fonte: "Livro do Desassossego" Fernando Pessoa |
Viver é ser outro. Nem sentir é possível se hoje se sente como ontem se sentiu: sentir hoje o mesmo que ontem não é sentir - é lembrar hoje o que se sentiu ontem, ser hoje o cadáver vivo do que ontem foi a vida perdida |
Fonte: "Livro do Desassossego Autor: Fernando Pessoa |

segunda-feira, 20 de abril de 2009
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